Triste Funeral
Wystan H. Auden
Tradução: Hallano H. Cardoso
Parem todos os relógios e à voz do telefone ocultais,
Ao cão joguem um osso para que não ladre mais.
Silenciem os pianos e abafem os tambores.
Tragam o caixão e deixem vir os pranteadores.
Que aviões voem em círculos gemendo:
"Ele está morto", é a mensagem que no céu irão escrevendo.
Coloque no pescoço das pombas brancas, fúnebre adorno.
Que o sinaleiro preste luto com luvas de negro contorno.
Ele era meu Norte, meu Sul, minha aurora e meu ocaso.
Meus dias de trabalho e o meu repouso, no entanto.
Meu meio-dia, minha noite, minha fala, e meu canto.
Julguei ser o amor eterno – errado eu estava neste caso.
Apaguem-se todas as estrelas sem demora.
Esconda-se a lua e escureça-se o sol agora.
Desapareça o oceano e varram a floresta.
Pois para mim, nada de bom hoje me resta.
Este poema de W. H. Auden, escrito em 1936 (primeira versão) aparentemente fazia analogia ao desaparecimento de um líder político. Desde então este poema tem sido usado na cultura ocidental européia para expressar um sentimento de forte dor de perda e de luto seja individual, seja coletivo.
Em maio de 2010 os times de Liverpool e Juventus citaram o poema como um tributo às 39 vítimas da tragédia ocorrida em maio de 1985 em um jogo entre os dois times de futebol.
O poema ficou bastante conhecido dos brasileiros ao aparecer no filme "Quatro Casamentos e um Funeral" declamado por Matthew (Jonh Hannah) em homenagem ao seu companheiro morto. E foi musicado em vários trabalhos da música atual.